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Copa do Brasil: 20 anos de muitas emoções e muitas curiosidades

  • 17/02/2009


Em 1989, depois de 29 anos, os brasileiros voltaram a ter o direito de eleger diretamente o presidente da República. Se foi importante na história política do país, o ano também foi marcante para o futebol nacional. Há duas décadas, foi criada a Copa do Brasil. Com o passar do tempo, a competição, que nos primeiro anos foi desprezada por muitos clubes, ganhou importância e hoje é uma conquista muito desejada. Para contar um pouco da história do torneio, o jornalista Alex Escobar e o pesquisador Marcelo Migueres lançaram nesta segunda-feira no Rio o livro “20 anos da Copa do Brasil - De Kaburé a Cícero Ramalho”.

O título da obra deixa evidente uma das características da competição - a democrática participação de clubes de pouco expressão e de jogadores que, graças ao torneio, tornam-se personagens do futebol.

Caso de Cícero Ramalho. Aos 40 anos e com 11 quilos acima do peso ideal - revelados em uma barriguinha proeminente -, o atacante ajudou o Baraúnas a provocar uma das maiores zebras da história do competição. Em 2004, o time de Mossoró (RN) venceu o Vasco por 3 a 0 em São Januário. Com direito a um gol do atacante quarentão

Personagens folclóricolos não faltam na história da Copa do Brasil. No livro, os autores montaram ’seleções’ anuais com jogadores de nomes pitorescos. Como a de 1996: Gordo, Chaguinha, Barbosinha, Gentil e Cabecinha; Ventilador, André Jacaré, Sete Belo e Bitonho; Roxo, Conga e Tetéia.

Ou a de 1998: Grécio, Capacete, Sargento, Cebolinha e Silvão; Nasa, Quilo, Zé Carioca e André Pimpolho; Batuíra, Brinquedo e Balão.

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Além dos jogadores, há muitas histórias pitorescas envolvendo clubes. Como a do Kaburé (Tocantins) em 1995. Ao eliminar o Maranhão na fase preliminar, a equipe assegurou o direito de enfrentar o poderoso Flamengo. Com a derrota por 1 a 0 no jogo de ida, a equipe conquistou o direito de enfrentar o Rubro-Negro no Rio de Janeiro. A viagem para a Cidade Maravilhosa era um sonho para grande parte dos jogadores. Que não abriram mão de ir à praia após a longa viagem. E a derrota por 8 a 0 na Gávea foi o que menos importou.

O mesmo valeu para o River-PI dois anos depois. Comissário de bordo em 1997, Alex Escobar relembrou, em entrevista ao programa “CBN Esportes”, que esteve no voo de volta dos jogadores do time piauiense após a goleada por 7 a 1 para o Palmeiras.

- Perguntei a um membro da comissão técnica a razão da alegria dos atletas apesar da goleada. Eles respondeu que eles tiveram a oportunidade de viajar para São Paulo, conhecer o Palestra Itália, jogar contra o Palmeiras. Teriam muitas histórias para contar. Estavam satisfeitos da vida.

Se é uma oportunidade para projetar jogadores, a Copa do Brasil também pode alavancar a carreira de treinadores. Caso de Luiz Felipe Scolari. O primeiro título de repercussão do futuro campeão mundial foi a Copa do Brasil de 1991, no comando do Criciúma.

E se Criciúma, Juventude, Santo André (veja imagens das finais de 1999, 2004 e 2005 no vídeo acima) e Paulista de Jundiaí têm o título no currículo, alguns clubes tradicionais do futebol nacional ainda não tiveram o prazer de conquistar a Copa do Brasil. Casos do Atlético-MG, Botafogo, Santos, Vasco e São Paulo. Recordista de título brasileiros (seis), o Tricolor Paulista conseguiu, no máximo, um vice-campeonato em 2000. Perdendo o título para o Cruzeiro, no Mineirão, devido a um gol de Geovanni nos minutos finais. O Cruzeiro e o Grêmio são os maiores vencedores da competição, com quatro títulos cada.

A favor do São Paulo, é necessário ressaltar que a equipe não disputa o torneio desde 2003. A partir de então, se classificou para a Libertadores. E essa presença constante do Tricolor Paulista no torneio continental acabou ajudando a ampliar a importância da Copa do Brasil, na opinião de Alex Escobar.

- No início, a impressão é que alguns clubes encaravam a Copa do Brasil como um torneio que duraria pouco. Com o tempo, os grandes clubes foram percebendo a importância, ela foi se consolidando. Ela pode ser o caminho mais curto para a Libertadores, mas não necessariamente o mais fácil - afirma.

E esse caminho começa na próxima quarta-feira para 64 equipes, que sonham em repetir a festa dos campeões do torneio nos últimos 20 anos. E garantir uma vaga na Libertadores de 2010.


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